Antes de começarmos a falar dos próximos passos de pesquisa, vamos visitar uma discussão presente no material da dissertação. Mais especificamente sobre a ocorrência (ou não) de uma homogeneidade na elite formadora do Estado brasileiro durante o século XIX. Logo depois das guerras de independência e da abdicação do Imperador Dom Pedro I. Este foi um dos pontos chaves daquele meu trabalho. E a discussão tem muito haver com o provérbio descrito no título deste post.
Esse provérbio imperial chegou até nós, de certa forma, imperante como memória de que se tem do período imperial, do que se entende pelos meios políticos brasileiros. Concepção de Brasil como composto por uma elite homogeneizada e que dominará a classe mais pobre. Tornou-se um lugar comum das idéias que justificaria concepções de atraso econômico e social para o Brasil.
Por outro lado, essa noção de que o Estado brasileiro foi erigido por uma elite homogênea pode e foi contestada. Ilmar Rohloff de Mattos defendeu em O Tempo Saquarema que o Estado Imperial, foi dirigido pelos conservadores (Saquaremas do Rio de Janeiro) que incluíram seus opositores políticos (Luzias) de forma hierárquica, incluindo estes últimos no processo de formação do Estado mas não permitindo que acendessem aos cargos de direção. Definiu os dois grupos como possuidores de posições políticas distintas.
Interessante foi encontrar em importantes trabalhos sobre o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro a opção pela primeira forma de entender a elite brasileira e o processo de formação do Estado nação. Todos ancorados no trabalho de José Murilo de Carvalho: A construção da ordem. Durante a feitura do meu trabalho, que foi desenvolvido a partir de um questionamento que já se tem por clássico dentro da historiografia: Como se deveria escrever a história [do Brasil recém fundado]? percebi que as disputas fundamentadas em posições políticas distintas, principalmente no que diz respeito à forma dessa escrita, demonstrou uma incompatibilidade de idéias dentro dessa elite (e portanto, uma não homogeneidade) que inviabilizou a chancela por porte do Instituto Histórico de uma original História do Brasil.
Esta foi uma discussão que permeou todo o meu trabalho. Vale o seu aprofundamento. Faço desse ponto o meu próximo desafio de pesquisa. Considero relevante que toda essa discussão inicialmente realizada na dissertação se torne um artigo a ser enviado a uma revista especializada, para passar por sua apreciação. Se isso chegar a se concretizar, não poderá ser considerado um mero passo, mas um grande salto!

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